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River Cross

River Cross

31
Ago18

BLUES

Rui Cruz

SOLMAR.jpg

Sentir-se blue* é como uma abstracção,

é o alhear total de qualquer situação,

é uma viagem solitária, só solidária com o som,

ou atrás de uma imagem distante na memória,

um afastamento emocional do real,

uma caminhada cega, um bater surdo do coração

a ritmar os nossos gestos, como se energia  a economizar,

uma miragem de glória sempre inacessível,

tanto, que se poderia designar o impossível a ambicionar,

quando pouco se sabe de tudo, não se pensa, tanto faz,

segue-se aquela peugada invisível, feita de som, com

o beat, os rasgos dos solos de viola e o choro das melodias,

nos levando para um desconhecido monocolorido,

onde nos ferimos sem dor, onde sofremos sem chorar,

com os planos suspensos sem gravidade nem idade

ao sentirmos o nosso corpo a planar no ar,

embora não sendo uma substância,

se tornou substancial para o nosso 'modus-vivendi',

um must', sim, outra vez uma obrigatoriedade existencial,

para esquecermos o animal que nos prende o espírito,

e deixá-lo livre a voar, como aquele piano de saloon' 

em que as teclas se movem sozinhas

e os sons se repetem anonimamente,

através de um ruído ensurdecedor à sua volta, mas

o piano não pára de tocar, assim será o ser blue',

quando nada do exterior nos incomoda,

nada impeça a nossa cruzada continuar

com aquela expressão tenaz do infinito......

obrigando os nossos olhos fixarem o mar,

apoiando a nossa cabeça a vaguear pelo ar.

 

Rui Cruz

 

 

 

 

 

27
Ago18

EXISTIR

Rui Cruz

 

IMG_0008.JPG

 

Existir é viver sem descriminações, ou sem observações,

porque é arrastar o corpo para o desafio do desconhecido,

encarar emocionalmente o medo, sem a ausênia da mente,

é sentir tudo o que nos envolva sem recusar ou ignorar,

para assim poder absorver a vida com todas as suas facetas

e nos apoderarmos dos enigmas mais profundos da ignorância,

reciclá-los e largá-los no fosso do nosso passado ou do absurdo,

se superarem idades, esquecer as horas, evitar compromissos,

e assim vai sendo o existir, sem paragens nem contradições.

 

Focar, servirá para os cientistas, alguns artistas ou malabaristas,

pois dispersar passou a ser a nova ordem para os nossos sentidos,

não às formaturas, aos aglomerados idealistas, às intelectualidades,

não às paragonas dos jornais, das revistas e de outras que tais,

não às comparações, às equivalências, não às fortunas pessoais,

existir é descomprimir ideias, é partilhar o todo, mas nada a meias,

existir é persistir e não insistir, é admirar e contemplar sem comprar,

existir é não desejar, não aspirar, não ansear, não cobiçar nem planear,

existir poderá ser o morrer da ambição para ritmar o bater do coração.

 

Existir nunca foi ilegal, pois a ninguém ou a algo trouxe algum mal .

 

Rui Cruz

 

Fotografia de Isaura Almeida

 

23
Ago18

Citação.

Rui Cruz

DSC_0001.JPG

O medo é um dos muitos mecenas* da hipocrisia,

a inveja e a pobreza de espírito, são outros que tais,

ingredientes ácidos que comemos e nos fazem azia

como pessoas que não pensam e falam sempre demais,

vivenciais, actuais, bem falantes mas em nada existenciais,

a culpa nunca é dos outros, é verdade, mas são os outros

que transformam o mundo ao nosso redor, sem dó nem amor,

é sempre dos outros que ouvimos noticiar a desgraça alheia,

mas é sempre sobre nós que caiem os seus erros irreflectidos,

e são sempre os outros que se andam a esganar sem motivos,

nem aparentes nem reais, tal como todos os outros animais,

os tais, que se diz serem irracionais quando a cadeia é a mesma.

 

Mudou o ADN, mas do que restou do básico, sobrou o mesmo.

 

rc

21
Ago18

TRAMPA

Rui Cruz

 

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      LUGAR SEM MÚSICA

 

É COMO COMBOIO SEM RAIL

É COMO CASA SEM TELHADO

É COMO CORREIO SEM EMAIL

É COMO ASAS SEM PENAS,

COMO FRUTOS SEM CASCA

COMO AMANTE SEM AMADO

COMO CAMA SEM COLCHÃO,

É COMO DORMIR NO CHÃO.

 

    LUGAR SEM MÚSICA

 

É COMO CARRO SEM RODAS

É COMO CAVALO SEM CASCOS,

COMO PÉ QUE ANDA DESCALÇO

É COMO VIDA EM PERCALÇO

É UMA MESA SEM COMIDA

É JANELA SEMPRE FECHADA

É COMO SANITA CHEIA SEM TAMPA.

 

É UMA CASA INVADIDA  DE TRAMPA.

 

RUI CRUZ

 

29
Jun18

Para quê...

Rui Cruz

 

 

 

IMG_6578.JPG

 

Para que serve o sol ou a lua, quando te tenho a ti, 

 

uma mulher inteira, inteligente, brilhante, alta e nua.

 

Para que serve imaginar outra vida, se tenho a tua.

 

Para quê preocupar, se existe o destino de te amar.

 

Para quê seja mais o que for, se já tenho o que queria.

 

Para quê procurar outra beleza, se a tua já existia.

 

Diz-me por favor, para quê outra forma senão a de desejar

 

este amor, de todos os dias para todo o resto da minha vida.

 

Rui Cruz

2018

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

22
Jun18

ABDICAR

Rui Cruz

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Não é por ela não deixar, é por eu não desistir

não é por ela não gostar, é por eu insistir

não é por ela não saber, mas sim por eu sentir
não é por ela não querer, é por eu persistir.

 

Não é por ela apreciar, é por eu admirar

não é por ela pensar, é por eu adivinhar

não é por ela dormir, é por eu sonhar

não é por ela esconder, é por eu encontrar.

 

Nunca será por ela trair, mas sim por me atrair.

 

Não é por ela mentir, é por eu acreditar

não é  por ela falar, é por eu me calar depois

não é por ela não se calar, é por eu não ouvir

não é por ser ela, mas sim por não ser eu.

 

Nunca será só por ela, mas sempre pelos dois.

 

Rui Cruz

 

 

 

17
Jun18

TEMPO

Rui Cruz

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Quando éramos mais novos queríamos ser mais velhos,
mas quando somos velhos gostaríamos de ser mais novos,
um paradoxo comum da vida, mas passível de ser alterado,

porque se nos apegarmos à realidade da História, envelhecemos,
se nos soltarmos da mesma e cuidarmos da nossa, rejuvenescemos.

 

Não existem almas novas ou velhas, existem sim almas vivas,
simplificando o desvendar deste segredo, pois esqueçamo-nos
de todos os marcos históricos comuns em que não participámos,
para nos concentramos só naqueles que individualmente vivemos.

Mesmo assim, estaremos sempre longe do dia, semana ou mês

em que nos ajustaremos ao TEMPO que está passando por nós.


Tanto pela insistência que as nossas exigências possam demandar,
como pela aceitação que as nossas submissões possam proporcionar,

ou pelas obrigações que a vida nos possa impor, por serem diferentes.


Logo,

o TEMPO nunca será igual para nenhum de nós, respeitemos O dos outros.

 

Rui Cruz

 

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