EXISTIR
Existir é viver sem descriminações, ou sem observações,
porque é arrastar o corpo para o desafio do desconhecido,
encarar emocionalmente o medo, sem a ausênia da mente,
é sentir tudo o que nos envolva sem recusar ou ignorar,
para assim poder absorver a vida com todas as suas facetas
e nos apoderarmos dos enigmas mais profundos da ignorância,
reciclá-los e largá-los no fosso do nosso passado ou do absurdo,
se superarem idades, esquecer as horas, evitar compromissos,
e assim vai sendo o existir, sem paragens nem contradições.
Focar, servirá para os cientistas, alguns artistas ou malabaristas,
pois dispersar passou a ser a nova ordem para os nossos sentidos,
não às formaturas, aos aglomerados idealistas, às intelectualidades,
não às paragonas dos jornais, das revistas e de outras que tais,
não às comparações, às equivalências, não às fortunas pessoais,
existir é descomprimir ideias, é partilhar o todo, mas nada a meias,
existir é persistir e não insistir, é admirar e contemplar sem comprar,
existir é não desejar, não aspirar, não ansear, não cobiçar nem planear,
existir poderá ser o morrer da ambição para ritmar o bater do coração.
Existir nunca foi ilegal, pois a ninguém ou a algo trouxe algum mal .
Rui Cruz
Fotografia de Isaura Almeida